Classe C se torna maioria no Facebook e no Twitter

(14/11/12)
Entre
os usuários mais elitistas do Facebook e do Twitter, o fenômeno ganhou
um apelido: a "orkutização" das redes sociais. Um levantamento inédito
do instituto Data Popular agora quantifica essa transformação. De 2009
para cá, a chamada classe C - termo equivalente a classe média, estrato
ao qual 30 milhões de brasileiros ascenderam nos últimos dez anos -
passou a ser maioria nos dois sites, que se tornaram
sócio-economicamente muito parecidos com o popular Orkut.
Há
três anos, a classe AB (ou classe alta) era franca maioria nessas redes
sociais, com 64% de presença no Facebook e 81% no Twitter. A classe C
tinha modestos 32% no Facebook e 18% no Twitter. De acordo com o
levantamento do Data Popular, agora a classe C tem 56% dos usuários do
Facebook (contra 24% da elite) e 55% do Twitter (também contra 24% da
elite). Bem semelhante ao Orkut, que tem 57% de classe C e 23% de classe
AB, proporção que o site já registrava em 2009, quando contava com 50%
de classe C e 34% de classe AB.
A "orkutização" quantificadaA
nova distribuição sócio-econômica do mundo virtual reflete melhor o que
acontece na sociedade brasileira "real". Segundo dados oficiais, a
classe C abrange 53% da população, a classe DE tem 27% e a classe AB,
20%. A proporção também corresponde à presença das classes sociais na
internet como um todo, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de
Domicílio: entre os 75 milhões de internautas brasileiros, 48% são da
classe média, 44% da classe alta e 8% da classe baixa.
"Essa
mudança aconteceu porque a internet, no Brasil, é muito mais utilizada
pelos jovens. E, entre os jovens, ela é democrática, ou seja, não existe
grande diferença na penetração da internet entre jovens de classes
altas ou baixas", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular.
"É
preciso dizer que termos como 'orkutização' têm um juízo de valor
(negativo)", diz Meirelles. "Ele é usado porque a elite percebe que
espaços antes exclusivos agora são compartilhados por pessoas da classe
C, o que é ótimo para a sociedade, mas incomoda algumas pessoas",
afirma.
O
levantamento também identificou aquilo que os usuários mais têm feito
nas redes sociais. Nos últimos 15 dias, 54% dos consultados postaram
fotos, 49% marcaram algum encontro e 31% falaram mal de alguma empresa.
"Nas classes mais baixas, é comum que os usuários se exponham muito
mais, postando fotos 'abertas' para quem quiser ver. A classe C usa a
internet como vitrine, para mostrar ao mundo as coisas que tem
conquistado graças à inclusão social", diz Meirelles.
A
pesquisa do Data Popular, feita em parceria com a WebSIA, considerou os
mesmos critérios de renda da Secretaria de Assuntos Estratégicos do
Governo. Segundo esses critérios, que o Data Popular ajudou o Governo a
criar, classe média é quem tem renda familiar entre R$ 1.540 e R$ 2.313 -
acima disso é classe alta, abaixo é classe baixa. O instituto consultou
1,8 mil pessoas em 57 cidades de forma "offline", ou seja, nas ruas
mesmo. Além disso, confirmou os resultados através de uma pesquisa
online com mais de 20 mil brasileiros.
Esses
e outros dados serão apresentados pelo Data Popular no 1º Fórum Novo
Brasil, que acontece nos dias 12 e 13 de novembro, no hotel WTC
Sheraton, em São Paulo. No evento, o ministro Paulo Bernardo
(Comunicações) irá comentar a democratização da internet no Brasil.
Fonte: Portal Ig